quarta-feira, 13 de abril de 2016

[Bioética e Fé Cristã] Raciocínio moral na tomada de decisões em relação a questões sociocientíficas: o exemplo do melhoramento genético humano


Nos últimos anos, os avanços nas Ciências Biológicas têm levado a sociedade a discutir diversas questões no campo da moral e da ética. Questões como engenharia genética, clonagem e pesquisas com células-tronco são questões chamadas de sociocientíficas por estarem na interface entre a ciência e a sociedade. Nesse trabalho buscamos entender como estudantes de Ensino Médio percebem e interpretam questões relacionadas à manipulação genética em seres humanos. Houve divisão de opiniões em relação à eugenia negativa, que se destina a remover características desfavoráveis das pessoas; mas a eugenia positiva, que busca melhoramento de características estéticas, foi rejeitada por todos os estudantes. As variações nas opiniões em relação ao assunto tratado podem ser, em grande medida, devidas às representações sociais dos estudantes.





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Postado no Bioética e Fé Cristã em 4/13/2016

terça-feira, 12 de abril de 2016

"E sereis minhas testemunhas"

Eduardo Ribeiro Mundim
Escrito em 13/05/99

         Esse mandamento, um dos últimos que Jesus nos deixou, é tido por muitos como o mais importante, estando sempre agregado ao "ide por todo o mundo". Testemunhar, pois, sempre foi uma preocupação do povo chamado evangélico. E essa noção é sempre ressaltada, tanto a nível da escola bíblica dominical quanto a nível do púlpito. Talvez como consequência da esperada conversão, não apenas das ideias, mas das atitudes (a vida do cristão passa a ter um novo referencial ético), e também com a necessidade sentida de fazer-se ímpar frente à sociedade pagã, somos conhecidos, em alguns lugares, pela negativa: crentes são aqueles que NÃO dançam, NÃO fumam, NÃO bebem...

         Mas o que é testemunhar?

         O que temos a testemunhar?

         O Aurélio nos ensina que testemunhar pode ser tanto intransitivo, quanto transitivo direto e/ou indireto. Em todas as regências, alguém testemunha quando declara, ou depõe em um tribunal, fatos que conhece, seja pelo ouvir ou pelo ver. No primeiro caso, ela é dita "auricular"; no segundo, ocular. Como exigência formal em alguns procedimentos legais, alguém pode ser convocado, chamado, para validar certo ato, que somente será válido juridicamente porque foi assistido por outra pessoa; é a testemunha instrumentária. Quem presta depoimento, testemunha sobre aquilo que sabe por conhecimento próprio, ou advindo de terceiros, mas, fundamentalmente, fala daquilo que tem por verdade, segundo sua capacidade interpretativa.

         O ministério de Jesus foi bem planejado. Não só seu final, voluntário e não obra do acaso, mas todo o seu desenrolar. Cristo selecionou e reuniu junto a si um grupo de homens, a fim de que fossem instrumentos, testemunhas instrumentárias do que Ele faria/não faria, ensinaria/ordenaria. Não que Seu ensino dependesse da autenticação do grupo. Mas a Sua existência, origem e trabalho históricos necessitavam ser autenticados pelo depoimento de quem havia participado diariamente, intensamente, dos Seus últimos três anos de vida terrena . E que grupo! Um coletor de impostos (e todos duvidavam da honestidade dos publicanos), um ladrão com vocação terrorista (que se tornou traidor), dois irmãos "capitalistas" que exploravam uma empresa pesqueira (seriam eles pobres como sempre imaginamos?)... Jesus tinha uma maneira bem peculiar de acercar-se de pessoas contrastantes, sem fazer distinção entre elas. Um círculo menos íntimo também foi chamado a ser depoente, constituído por mulheres (algumas prostitutas inclusive; ou, ex-prostitutas), outros funcionários da burocracia romana e os mais variados tipos de pecadores confessos, bem como algumas autoridades religiosas judaicas.

         Aos apóstolos cabia testificar, comprovar, assegurar:
1.   que aquele Jesus, filho de José e Maria, descendente de Davi, da antiga tribo de Judá, era o Messias, aquele que havia de vir, como predito pelos profetas:
      "Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes.
      Sobre ele repousará o Espírito de Iahweh, espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Iahweh: no temor de Iahweh estará a sua inspiração.
      Ele não julgará segundo a aparência.
      Ele não dará sentença apenas por ouvir dizer.
      Antes, julgará os fracos com justiça,
com equidade pronunciará uma sentença.
      Ele ferirá a terra com o bastão da sua boca
e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio.
      A justiça será o cinto dos seus lombos
e a fidelidade, o cinto dos seus rins"
(Is 11.1-5)

2.   que a Sua morte não fora obra das forças políticas, mas deliberadamente planejada e executada, como Ele advertira os incrédulos apóstolos em Lc 18.31-33:
      "...Eis que estamos subindo a Jerusalém e vai cumprir-se tudo o que foi escrito pelos Profetas a respeito do Filho do Homem. De fato, ele será entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado, coberto de escarros; depois de o açoitar, eles o matarão".

Também todo o sucedido fora anunciado pelo menos 500 anos antes, como está escrito em Is 53:
      "Mas Iahweh quis feri-lo, submetê-lo a enfermidade." (v 9)
      "Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca...
      Após detenção e julgamento, foi preso."
(V 7,8)

3.   que Sua morte e ressurreição cumpriam um plano urdido por Deus Pai desde a fundação do mundo, tendo ambas um significado único na história da humanidade. No mesmo "IV canto do servo", em Isaías, lemos
      "E no entanto, eram as nossas enfermidades que ele levava sobre si,
as nossas dores que ele carregava...
      Mas ele foi trespassado por causa das nossas transgressões,
esmago em virtude das nossas iniquidades;
o castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele,
sim, pelas suas pisaduras fomos curados."
(v  4,5)

e o apóstolo Pedro, no discurso no dia de pentecostes, afirma:
      "Davi... sendo, pois, profeta,... previu e anunciou a ressurreição de Cristo... A esse Jesus Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas... Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, esse Jesus a quem vós crucificastes" (At 2.29-36)

Paulo, escrevendo à igreja que estava em Corinto, por ele iniciada, alerta:
      "E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais nos vossos pecados... Se temos esperança em Cristo tão-somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens." (I Co 15.17-19)

         Enquanto Igreja, somos constituídos sobre o fundamento lançado por Cristo Jesus e seus apóstolos. Temos acesso a Deus pelo sangue da cruz, e vida eterna pela Sua ressurreição. Este é o testemunho básico que eles nos deixaram, por conhecê-lo em primeira mão, e não por ouvir falar. E todo o restante dos cristãos testemunham essa mesma verdade, após tê-la experienciado pessoalmente, de modo íntimo e único (assim como cada ser humano é único em si mesmo), como relatado na carta de Paulo aos romanos: "o próprio Espírito (de Deus) se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus" (Rm 8.16). Nosso testemunho é, a rigor, de segunda mão. Mas isso de modo algum lhe tira o valor, pois Jesus já nos autorizou a dá-lo, quando disse a Tomé: "Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!" (Jo 20.29)

         Nos nossos dias é muito popular testemunhar sobre o que Deus tem feito nas nossas vidas. Habitualmente, tal depoimento diz respeito à saúde orgânica/psicológica ou financeira. Ainda que tenha seu valor, não é esse relato para o  qual fomos comissionados; relatos subjetivos, emotivos, muitas vezes bonitos, que carregam em si o vírus de atrair pelos benefícios, e não pela verdade dos fatos. E o próprio Senhor se irritou com esse tipo de atitude, como narra João: "em verdade, em verdade, vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes" (Jo 6.26). Se a nossa declaração se resume nas maravilhas e nos "lucros" que a conversão pode significar, traímos o verdadeiro sentido do Evangelho, ou seja:

                   1)"Não há homem justo,
                        não há um sequer,
                  não há quem entenda,
                  não há quem busque a Deus.
                  Todos se transviaram,
                  todos juntos se corromperam;
                  não há quem faça o bem,
                  não há um sequer." (Rm 3.10-12)

                   2)"Nisto consiste o amor:
                  não fomos nós que amamos a Deus,
                  mas foi Ele quem nos amou
                  e enviou-nos o Seu Filho
                  como vítima de expiação pelos nossos pecados" (I Jo 4.10)

                  3)"Tendo sido, pois, justificados pela fé, estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1) e "Portanto, não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1)

         O Evangelho não é um apelo ao nosso conhecimento dito científico. Portanto, Deus e Cristo não precisam provar nada. É um apelo aos nossos sentimentos mais interiores, de natureza puramente "filosófica": ou nos consideramos afastados de Deus ou não; ou aceitamos a morte substitutiva de Cristo na cruz, ou não. Mas não solicitemos provas, pois o apóstolo já nos advertiu: "Deus não tornou louca a sabedoria deste século? Com efeito, visto que o mundo por meio da sabedoria não reconheceu a Deus na sabedoria de Deus, aprouve a Deus pela loucura da pregação salvar aqueles que crêem. Os judeus pedem sinais, e os gregos andam em busca de sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, que para os judeus é escândalo, para os gentios é loucura, mas para aqueles que são chamados, tantos judeus quanto gregos, é Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus" (I Co 1.21-23).


publicação original, 16/09/08, em http://crerpensar.blogspot.com.br/2008/09/e-sereis-minhas-testemunhas.html 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Fronteiras do Biopoder


Oswaldo Frota-Pessoa


Na área médica, concentram muito poder as técnicas de diagnóstico bioquímico e instrumental;a terapêutica, que ensejou uma imensa indústria farmacêutica e, mais recentemente,a fecundação assistida, que suscita difíceis problemas éticos. Por sua vez, as aplicações da engenharia genética estão revolucionando a agronomia. O somatório de tudo isso criou dúvidas sobre a legitimidade de certas patentes. A própria privacidade das pessoas parece ameaçada pelo biopoder da genética molecular,capaz de, no nível de DNA, esquadrinhar nossa constituição. Existe um exagerado temor em relação ao tratamento de doenças hereditárias por transferência de genes: genoterapia de células somáticas e, até, germinativas. O genoma humano será preservado, no entanto a grand efonte de biopoder será a transformação de plantas e animais - pelas técnicas de transferência de genes entre espécies, mesmo remotas - para construir novas linhagens úteis ao homem.






Postado no Bioética e Fé Cristã em 4/11/2016

domingo, 10 de abril de 2016

A oração não respondida

(Tg 4.1-10)

Escrito em 16/03/99

         Não importando o seu credo, todo ser humano que se confessa religioso usa, de alguma forma e em alguma rotina (em situações ordinárias ou extraordinárias), uma prática que se pode denominar genericamente de oração. Na fé cristã, não se imagina o crescimento espiritual (ou seja, o assemelhar-se gradativamente a Jesus) sem a oração. Nas confissões não cristãs, esse objetivo já não existe (pois Cristo não é o seu centro), ainda que possa existir um semelhante (o fiel deseja tornar-se como imagina que seu deus seja).

         Jesus sempre exigiu que seus seguidores orassem. Diversas instâncias do seu ministério foram registradas para que soubéssemos, hoje, a importância e o lugar dessa prática. Lembrando alguns:
1.   certos feitos somente são alcançados com muita oração e jejum (Mt 17.14-20)
2.   há certa atitudes aceitáveis no orar (Mt 6.5-8)
3.   há um modelo de oração (Mt 6.9-15)
4.   orar em circunstâncias de grande tensão/angústia ou de dramas pessoais (Mc 14.32-42)
5.   Deus ouve as orações (Mt 7.7-11)
6.   Deus ouve as orações realizadas no Nome de Jesus (Jo 14.13-14)

         Tomando a prece sacerdotal em Jo 17, sem dúvida a maior oração do Senhor registrada, pode-se afirmar que a oração cristã é, sobretudo, um diálogo. Um diálogo estranho, é certo, pois um lado não usa, necessariamente, a mesma linguagem que nós; um diálogo de uma vida inteira, se lembrarmos quantas e quantas vezes os Evangelhos dizem "e se retirou para orar". A prece cristã não é, em nenhuma hipótese:
*      uma troca, para se conseguir o que se deseja
*      uma chantagem, para se obter um fim planejado
*      uma manipulação, para se controlar o mundo em volta

         Uma das regras hermenêuticas diz que uma doutrina bíblica não pode ser firmada com o uso de um único texto, sem apoio doutras partes das Escrituras. Um versículo (e o termo quer dizer pequeno verso) que lembramos frequentemente, e fora de contexto, é Lc 11.9: "... pedi e dar-se-vos-á...". Quem sabe Tiago tinha em mente essa lição de Seu irmão quando escreveu sua carta aos judeus cristãos dispersos no seu tempo...

         Faz parte de nossa humanidade caída (e teremos de conviver com isto por toda nossa vida até a única morte que sofreremos) desejos profundamente arraigados no nosso ser, que contrariam os propósitos e desejos do Pai. Tão perigosos que nosso aparelho psíquico os guarda em locais secretos, pois tememos, muitas vezes, as consequências de cedermos a eles. Tão atraentes que em muitas ocasiões os acalentamos, secretamente. Tão poderosos que apesar de serem trancafiados no nosso porão psíquico sua influência se faz sentir nas nossas atitudes, muitas vezes sem que nos apercebamos do fato.

         A psicologia e a psicanálise esclareceram essa dinâmica, que os autores sagrados conheciam, e nomeavam de modo diverso. Para eles, a questão era "pois a carne tem aspirações contrárias ao espírito e o espírito contrárias à carne. Eles se opõe reciprocamente, de sorte que não fazeis o que quereis" (Gl 5.17). Para as ciências psicológicas atuais, o "fundo do nosso coração" é chamado de "inconsciente", onde guardamos nossa memória. Há fragmentos que, por serem dolorosos/traumatizantes, são guardados "a sete chaves" (o termo técnico é "são recalcados"). Esse recalcado, por ser poderoso e/ou atraente, pode retornar disfarçado, através de sonhos, pensamentos, palavras ou atos.

         Nossa conversão, em hipótese nenhuma, anula essa característica humana. Ela nos dá a chance de modificá-la ou de lidar com ela partindo de novas premissas.

         "Pedi e dar-se-vos-á", e Tiago alerta "pedis, mas não recebeis, porque pedis mal, com o fim de gastardes nos vossos prazeres", pois "cobiçais e não tendes? Então matais. Buscais com avidez, mas não conseguis obter? Então vos entregais à luta e à guerra" (e Tiago estava falando a cristãos antes do ano 62 a.C...) Usando a gíria profissional, as orações em foco são feitas visando a satisfação pessoal moralmente inadequada (moral do ponto de vista da Revelação, não da sociedade) pois o fruto desse desejo é chamado de "amigo do mundo" e, portanto, "inimigo de Deus". O desejo é tão forte que Tiago usa expressões pesadas: "litigais e fazeis guerra" (em outra versão). É quase como se dissesse "matais para tentar obter o que desejais".

         O contraste com o Pai Nosso, a oração modelo, é gritante. Nela somos ensinados a pedir, por ordem hierárquica:
1.   que todos reconheçam a santidade de Deus (v. 9)
2.   que o Reino dEle se instaure na Terra (v. 10a)
3.   que a vontade dEle seja realizada em todo o mundo criado (v. 10b)
4.   que tenhamos o necessário para viver hoje (v. 11)
5.   que nossos pecados sejam perdoados condicionalmente (v. 12)
6.   que fiquemos afastados das situações difíceis e de todo mal (v. 13)

         Paulo lembra que "(a caridade) não procura o seu próprio interesse" (I Co 13.5). Por isso, Jesus não recrimina quando alguém solicita um milagre de cura para os outros (Mc 6.53-56), nem para si (Mc 10.46-52), mas rechaça a oração de Tiago e do "discípulo amado", que buscavam honras e glórias para si (Mc 10.35-45).

         O que nos motiva a orar?

         O que pedimos?

         Por que pedimos?

         O que podemos aprender sobre nós mesmos a partir de nossas orações e das respostas que temos?

         Devemos ser críticos severos de nós mesmos, pois, em última análise, não temos nada a perder. Ou melhor, o que temos de perder é lucro: nossa autoimagem inflacionada na presença do nosso próximo e de Deus. Além do mais, temos a promessa de que "se confessarmos os nossos pecados, ele, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça" (I Jo 1.9).
*      Quando oramos pela salvação de alguém, é por esse alguém ou é por nós? Que motivação egoísta pode (não significa que exista uma) estar nos movendo?
*      Quando intercedemos pelos governantes pensamos nos benefícios que um governo justo traz a toda sociedade ou apenas esperamos obter benefícios?
*      Quando pedimos pela saúde do nosso próximo é nele que pensamos ou na oportunidade de mostrarmos "como nosso deus é poderoso"?
*      Quando rogamos alguma coisa não será por preguiça de correr atrás dela?

         Contudo, nossa natureza é complexa o suficiente para termos, dentro de nós mesmos, desejos/sonhos ambíguos e contraditórios. Boas intenções estão, frequentemente, maculadas por egoísmo. Acredito que devemos orar e discernir bem os propósitos do nosso coração, e aproveitar a oportunidade de expô-los ao Pai, como parte do nosso processo de santificação e crescimento espiritual.

         Longe de qualquer um de nós nos constituirmos juízes da oração alheia. Sejamos, unicamente, juízes de nós mesmos e oremos: "Senhor, ensina-nos a orar".



sábado, 9 de abril de 2016

A Parábola do Filho

(Mt 7.11)

Eduardo Ribeiro Mundim

Escrito em 15/03/99

            Jesus sempre teve um cuidado e um carinho especial para com as crianças. Todos que são familiarizados com as Sagradas Escrituras conhecem os textos como Mt 19.13-15: "deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, pois delas é o Reino dos Céus". Frequentemente Jesus as usava como parábola. Por exemplo, na situação desagradável causada pelos doze, quando discutiam sobre quem seria o maior no Reino dos Céus: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus" (Mt 18.3). E no texto em foco, o exemplo é retirado do dia a dia ordinário: "Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? Ou lhe dará uma cobra, se este lhe pedir peixe? Ora, se vós que sois maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedem!"

            Um dos modos de definirmos Deus (e enquanto seres humanos necessitamos de conceitos, sejam eles claramente formulados ou não) é através de Seus atributos: amor, justiça, bondade, misericórdia, etc. E sem dúvida, temos uma dificuldade muito grande em lidarmos com os aspectos contrastantes: amor e justiça. A dificuldade é evidente nas nossas dicotomias: intelectualmente, O reconhecemos como Pai amoroso, mas no nosso coração predomina aquela figura de um quadro muito famoso, onde a Trindade é representada por um olho que tudo vê (e pune). Nossa boca confessa o perdão que a morte e a ressurreição trouxeram, mas nossas atitudes demonstram a pouca confiança que temos nele. Constantemente nosso lado mórbido é chamado a expressar-se.

            Temos pouca tolerância com nossos erros e pecados. Erroneamente o chamado para sermos santos "como Deus é Santo" é compreendido, na prática, como uma proibição de falhar. E qualquer falha como um desastre, cujas proporções são ditadas mais pelo nosso sentimento de culpa patológico que por uma avaliação honesta do significado dela em nossa vida e em confronto com as Escrituras.

            A partir do momento que me tornei pai comecei a ter experiências únicas, difíceis de descrever, tanto objetivamente como subjetivamente. Aqueles que têm a mesma experiência (incluindo as mães) as reconhecerão com facilidade. Penso naquela fase onde a linguagem está começando a se desenvolver, e portanto, o raciocínio está iniciando sua complexidade. Um dos meus prazeres na paternidade é ver meu filho de 2-3 anos crescer e se desenvolver; adquirir novas habilidades; dar gritos de alegria quando consegue vencer algum obstáculo. Meu coração se enche de ternura quando ele se aborrece por não conseguir alguma coisa que arduamente tenta e não consigo me irritar por demonstrar inumeráveis vezes o que deve e o que não deve ser feito.

            Determinado dia, flagrei a mim mesmo pensando que, na verdade, Deus deve agir conosco do mesmo modo com agimos com nossos filhos nessa idade. A diferença entre eles e nós é óbvia; nossa estatura, física, intelectual e emocional é bem "superior". Parece existir uma grande distância entre nós. Talvez seja óbvio que é uma distância bem menor que o abismo que nos separa do Pai: "Com efeito, os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e os vossos caminhos não são os meus caminhos, oráculo de Iahweh. Quanto os céus estão acima da terra, tanto os meus caminhos estão acima dos vossos caminhos, e os meus pensamentos acima dos vossos pensamentos"(Is 55.8,9). Mas o fato é que a distância, para nossos filhos, é intransponível, nesse momento, tão intransponível quanto a nossa distância para o Pai. É claro que o tempo e uma educação adequada a farão diminuir, mas, mesmo assim, ela sempre existirá, com cores e ênfases diferentes. Em relação a Deus, é óbvio, nosso progresso é e sempre será infinitamente menor.

            Ora, se nós, com nossas imperfeições, nosso cansaço e nossa frustração diária sabemos nos comportar assim quanto mais nosso Pai Celeste? Não seremos nós juízes severos demais de nós mesmos? Quantos dos nossos pecados não serão tão graves quanto a dificuldade das crianças em permanecer em pé enquanto tomam banho sobre um piso escorregadio? Quantos dos nossos erros não serão simples e inocentes travessuras?

            Não estou afirmando que Deus não é justiça e que não há punição para erros (e, habitualmente, elas são mais consequências naturais das nossas escolhas que uma ação direta, pessoal, única, a nós dirigida). Mas questiono o rosto por demais severo de Deus que muitos de nós temos cultivado e transmitido a nossos conhecidos e pior, a nossos filhos. Muitos de nós, devido as nossas características mórbidas pessoais preferimos ouvir falar sobre o juízo que sobre o perdão, sobre o castigo que sobre o abraço amoroso. Desequilibradamente enfatizamos mais o versículo "sou um Deus ciumento, que puno a iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração dos que me odeiam" e não nos deixamos penetrar, até o fundo de nossa alma doentia, pelo seu complemento "mas que também ajo com amor até a milésima geração para aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos" (Ex 20.5,6).

publicação original, 04/09/08, http://crerpensar.blogspot.com.br/2008/09/parbola-do-filho.html

sexta-feira, 8 de abril de 2016

“Mane, Mane, Tecel, Parsin”


(Dn 6)
 Eduardo Ribeiro Mundim

            Esta é uma história conhecida, e trágica. Trágica porque fala de fracasso, julgamento, ruína e morte. É uma história, desde o início, pessimista, onde apenas aspectos e fatos negativos são claramente visíveis.

            Também é uma história que traz suas perguntas. Se a própria historicidade do livro de Daniel é colocada em dúvida por alguns, que diriam deste capítulo? Objeções históricas há, mas nada que não possa ser contornado: por que Baltazar chama a Nabucodonozor pai, se não era seu filho? A história geral desconhece Dario, o medo; o rei persa que tomou Babilônia foi Ciro.

            O relato igualmente alerta para a variedade de prismas sob os quais a história humana, e as nossas histórias individuais, podem ser olhadas.  É importante comentar que o fato de existirem óticas diversas não implica em exclusão mútua, como se apenas uma visão fosse o retrato acabado e completo da realidade. Diversas visões implicam sim, em riqueza de acontecimentos e em complementariedade entre eles.

            Babilônia já existia quando Hamurabi, um dos primeiros grandes legisladores, reinou, no século XVII a.c.. Passou por altos e baixos, sendo Nabucodonozor II seu último grande rei. Ele sitiou Jerusalém e, em duas ocasiões, promoveu uma deportação maciça das elites judaicas para a Babilônia. Baltazar, que aparentemente não tinha direito ao título de rei, foi governante em uma época de decadência.

            O texto traz algumas informações a respeito dos personagens envolvidos:
-  A festa promovida pelo rei contava com um grande número de convidados (pelo menos 1000 dignatários, fora as concubinas) e de bebida. (v. 1)
-  A decisão de Baltazar foi tomada estando ele "sob o influxo do vinho", após ele ter "bebido vinho diante desses mil", o que sugere, no mínimo embriaguez. (v. 2)
-  Aparentemente, apenas Baltazar preocupou-se com o escrito miraculoso na parede, que estava facilmente visível aos convidados. (v. 5)
-  Ele perdeu o controle sobre si (ficou apavorado): empalideceu, não sabia o que pensar, perdeu as forças e pôs-se a tremer, chamando os sábios aos berros. (v. 6 e 7)
-  Curiosamente, parece que os convidados estavam mais preocupados com o bem estar real que com o milagre. (v. 8 e 9) Pode-se supor que a consciência deles estava bem mais adormecida que a do seu senhor.

            E qual o pecado, que foi tão duramente punido?

            O primeiro: cegueira frente a história. Baltazar conhecia o relato do capítulo 5 (v. 18-22), mas não o levou em conta, na hora de escolher e adotar os princípios morais pelos quais agiria. Quem sabe, tomou a interpretação do seu nome (Bel-shar-uçur,  "Bel proteja o rei") como um privilégio do qual era merecedor (seu deus, Bel, era seu servo), e não uma dádiva, pela qual deveria ser grato. A humilhação de Nabucodonozor não lhe abriu os olhos para o fato de que, maior que o poder real, era o um Deus que ele nem conhecia. Se Nabucodonozor II, conquistador de Jerusalém, que matava e deixava viver segundo seu próprio juízo, foi transformando em animal, o que poderia se suceder a ele, Baltazar, seguramente um governante bem menor?

            Segundo: desrespeito para com as coisas sagradas. Baltazar ordena que os utensílios separados para o culto em Jerusalém fossem utilizados como copos para ele e seus convidados se embriagarem, em um desprezo óbvio pelo significado dos objetos. Daniel traduz o comportamento deles como desafio: "tu te levantaste contra o Senhor do céu" (v. 23). Não foram os utensílios sagrados que foram profanados, mas Aquele a quem serviam.

            Terceiro: idolatria e cegueira espiritual. O versículo 23, em sua parte final, resume bem: "...mas o Deus que detém teu respiro entre suas mãos e de quem dependem todos os teus caminhos, tu não o glorificaste!" Ele poderia desconhecer o que Iahweh dissera por intermédio do profeta Isaías, cerca de 200 anos antes: "Eu sou Iahvweh; este é o meu nome! Não cederei a outrem a minha glória, nem a minha honra aos ídolos" (Is 42.8). Mas não desconhecia a história de "seu pai". Usando da linguagem teológica, Baltazar talvez não conhecesse a revelação sobrenatural, mas conhecia a natural. Paulo comenta sobre essa situação na carta à igreja em Roma: "Sua realidade invisível... tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpa. Pois tendo conhecido a Deus, não o honraram como Deus nem lhe renderam graças... tornaram-se tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens do homem corruptível" (Rm 1.20-22).

            Na verdade, os três pecados formam um roteiro tão lógico, que mais parecem ser um só, numa cadeia de causas e consequências.

            O juízo vem pesado. Baltazar foi avaliado, diretamente e indiretamente. Diretamente, pela sua conduta individual, já que sua atitude no festim não deve ter sido exceção, mas sim regra. O álcool, quando muito, eliminou o resto de censura que poderia existir. Portanto, "foste achado deficiente". Indiretamente, seu reino "foi medido e (Deus) deu-lhe fim". A história mais uma vez se repetiria em ciclos: um império cairia pelas mãos doutro, mais competente no momento:"seu reino foi dividido e entregue aos medos e aos persas". Curiosamente, os motivos espirituais das quedas de Israel e Judá foram bem semelhantes...

            A história geral nos dá duas informações extras, que nos auxiliam a compor um quadro maior. A população aclamou o conquistador como libertador e, se houve resistência, essa deve ter sido débil. O tecido social estava frouxo, e a incompetência política-administrativa de Baltazar foi um dos lados que levaram a sua queda. Paralelamente, houve um juízo divino severo. A história geral nos informa a respeito das causas acessíveis por meio de métodos organizados; o escritor sagrado, a respeito das causas acessíveis somente pela Revelação.



publicado originalmente em http://crerpensar.blogspot.com.br/2008/09/mane-mane-tecel-parsin.html, 01/09/08

quinta-feira, 7 de abril de 2016

A dúvida de Tomé

Eduardo Ribeiro Mundim


(Jo 20.19-29)

            "Porque viste, creste? Felizes os que não viram, e creram". As palavras de Jesus a Tomé ecoam desde aquela época até os dias de hoje. Todo esse incidente nos fala de dúvida. E Dídimo não foi o único a duvidar. Passou à história de modo injusto, como se fosse o único incrédulo dentre os onze, quando apenas expressou de modo claro o que, na verdade, todos os discípulos pensavam em segredo: será verdade? O que prova que Ele ressuscitou? A passagem paralela em Lucas deixa claro o que a de João apenas cita: Jesus provou sua corporalidade a todos os apóstolos.

            Vamos rever os fatos, em conjunto com Lc 24.36-42:
1.    Jesus se apresenta aos discípulos reunidos
2.    Eles temiam os judeus (provavelmente as portas estavam trancadas e as janelas cerradas)
3.    Eles se assustaram com a súbita aparição de Jesus
4.    O confundiram com um "fantasma"
5.    Jesus insiste que o apalpem e o vejam, atestando o fato da ressurreição
6.    Ele os comissiona
7.    A dúvida de Tomé
8.    O novo encontro e a confissão de Tomé

            Esse momento, somado aos demais encontros pós-crucificação, é vital para a história da salvação. É necessário que a ressurreição seja fato histórico, incontestável. Ela não pode ser uma metáfora, ou um sonho, mas uma realidade visível, ainda que somente pela fé, para os que não O viram. Paulo demonstra a questão quando escreve à igreja em Corinto (I Co 15):
1.    A ressurreição de Cristo é garantia de que nossos pecados estão perdoados
2.    Ela também garante que ressuscitaremos, ou seja, de que nosso destino final não é a morte
3.    Portanto, se Jesus não ressuscitou, não há pecado perdoado nem morte vencida
4.    Se não há ressurreição, todo o Evangelho é uma ilusão, sendo melhor "curtir a vida" que "perdê-la" por um sonho absurdo

            Os apóstolos e os primeiros discípulos serão os únicos a conviver com quem esteve morto mas reviveu em definitivo[1], estando hoje na presença de Deus Pai. Os demais cristãos terão de aceitar o fato pela fé, ou seja, sem provas, no espírito de Hebreus: "fé é ... a prova de que existem coisas que não vemos" (Hb 11.1, tradução na Linguagem de Hoje - SBB).

            Durante seu ministério, Jesus enfrentou questionamentos acerca de sua autoridade e identidade. Apesar de todos os milagres e prodígios que já executara, certa ocasião foi-lhe requisitado que provasse sua messianidade. Respondeu que o único sinal que daria seria a sua morte e sua ressurreição. Os evangelhos não registram nenhum contato pós-crucificação entre Ele e aqueles que se postavam como seus inimigos. O sinal de Jonas teria de ser aceito por eles, através da fé...

            Noutro momento Ele frisa a importância da certeza de que as Escrituras são a Revelação do Pai. Narra a parábola do rico e de Lázaro. Aquele solicita a Abraão que permita ao último retornar ao mundo dos vivos, a fim de avisar seus parentes e amigos dos riscos que corriam pela vida que levavam. Afinal, o testemunho de alguém que ressuscitasse seria levado a sério. Abraão é taxativo: os vivos têm a Revelação escrita (Moisés e os profetas). Se não creem nela (pela fé), não crerão em nenhum tipo de testemunho.

            A parábola coloca que a questão não é de evidência externa, ou científica; é de evidência interna, íntima- aquilo que estamos dispostos, ou não, a acreditar. Por isso foi mais conveniente às autoridades subornarem os guardas para espalharem que o corpo de Cristo tinha sido roubado (Mt 28.11-15). Igualmente, foi mais fácil ao Faraó "endurecer seu coração" a acreditar no Deus de seus escravos. Dados científicos dizem "o conjunto dos dados disponíveis torna altamente provável que isso ou aquilo seja verdadeiro", validando o "é possível", ou dizem: "o conjunto dos dados disponíveis torna altamente improvável que isso ou aquilo seja verdadeiro". Ou seja, nada provam; apenas embasam.

            O que nos torna cristãos é, na verdade, a ação do Espírito em nós, convencendo-nos de nossa distância dos propósitos do Criador (ainda que tenhamos aspectos bons), do nosso estado de perpétua rebeldia (ainda que, eventualmente, nos submetamos) e da intermediação que a morte e a ressurreição fazem entre o Pai e nós, de modo que somos aceitos, mesmo que inadequados e desobedientes (ainda que não compreendamos por que as coisas são assim).

            O que nos torna cristãos é, na verdade, uma aceitação dos fatos acima por evidência íntima, não porque temos convicção que alguém ressuscitou dos mortos. A partir da convicção "do pecado, da justiça e do juízo", é que cremos na ressurreição.

            Somos convencidos, ou não, intimamente, pelo somatório de diversos fatores, como, por exemplo: a criação que tivemos, nossa estrutura psicológica, nosso ambiente cultural, a forma como a mensagem do Evangelho foi apresentada, nossas escolhas pessoais e nossa natural resistência à soberania de Deus. Mas, uma vez apresentados a Ele, nada escusa a Sua rejeição permanente[2]. As Escrituras dizem:
"Os céus contam a glória de Deus,
e o firmamento proclama a obra de suas mãos"
(Sl 19.1)
mas,
"Diz o insensato no seu coração:
'Deus não existe!
'" (Sl 14.1)

            É curioso que a metáfora de Paulo sobre o Reino ("agora vemos em espelho e de maneira confusa" - I Co 13.12a) é perfeitamente aplicada à ciência. Ela apenas nos dá um vislumbre das possibilidades, não uma certeza absoluta. Aliás, em termos científicos, o que é supostamente verdade hoje, deixa de sê-lo amanhã.

            Portanto, cremos porque o nosso coração se inclina para crer, não porque nossa razão nos obriga (ainda que uma compreensão racional da fé seja necessária para um crescimento espiritual saudável).

            "Felizes os que não viram, e creram".




[1]  já que todos os ressuscitados por Jesus, ou pelos apóstolos em Atos, morreram posteriormente
[2] uma interpretação comum do significado da expressão "pecado contra o Espírito Santo" é


publicado originalmente em 29/08/08 em http://crerpensar.blogspot.com.br/2008/08/dvida-de-tom.html

[Bioética e Fé Cristã] Os dilemas éticos do mapeamento genético



Mayana Zatz

O projeto genoma propõe-se a mapear, na próxima década, os 50.000 a 100.000 genes responsáveis por nossas características normais e patológicas. As informações já existentes e que serão gerada por este projeto têm sido objeto de inúmeras discussões éticas, em relação tanto às características normais como às doenças genéticas. A grande questão que se coloca é: seremos capazes de lidar com o conhecimento do nosso ser? Como veremos nos exemplos a seguir, a resposta a esta pergunta não é fácil, mas o assunto é fascinante.



texto completo em www.bioeticaefecrista.med.br/textos/dilemas_eticos_mapeamento_genetico.pdf

fonte original: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/27019/28794

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Postado  no Bioética e Fé Cristã em 4/07/2016

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A nanotecnologia, a Criação e Deus

Posted: 05 Apr 2016 06:12 AM PDT

O professor Russell Cowburn é cristão e nanotecnólogo há vinte e cinco anos. Neste vídeo ele demonstra que uma revolução industrial está em andamento e que a nanotecnologia tem sido empregada para oferecer possíveis soluções nas questões da mudança climática, da escassez de água e em crescentes necessidades globais, como na melhora do design de materiais que fazem a captura de luz solar e a transformam em energia.

O professor Cowburn questiona, portanto, se a nanotecnologia é uma força para o bem, trazendo alívio para as pessoas em necessidade e derramando mais luz sobre o que significa ser humano. Indaga, igualmente, se a comunidade da fé deve abraçá-la de forma positiva. Ou, se em última análise, a nanotecnologia deve ser encarada como uma ameaça, que oferece explicações contrárias para as origens da vida e impõe sérios riscos ambientais que podem escapar do controle humano.

Nesta palestra, o Professor Russell Cowburn, dá uma visão geral sobre a nanotecnologia e discute a ética e a teologia desta nova tecnologia, tentando responder a algumas perguntas cruciais através do livro de Gênesis.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=UepCFseK_os
Veja também: http://scienceandbelief.org/2015/05/21/the-god-of-small-things/

Tradução: Aquila Mazzinghy

fonte original: Cristãos na Ciência.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Fwd: Casos de abusos sexuais







O Centro de Psicologia Marcio Moreira tem parceria com 22 abrigos, até agora, para atender estas crianças. Elas podem ser acompanhadas pelos(as) psicólogos(as) voluntários que lá atuam.

Veja a página no Facebook e no blog (http://sadorcas.blogspot.com.br/) e descubra como ajudar.

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Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Biopolítica, eugenia e ética: uma análise dos limites da intervenção genética em Jonas, Habermas, Foucault e Agamben



O presente trabalho aborda a questão da manipulação genética, especialmente a clonagem e o Diagnóstico Geral de Pré-Implementação de Embriões a partir de suas implicações para a autocompreensão do ser humano. Para tanto, as perspectivas de Hans Jonas, Jurgen Habermas, Michel Foucault e Giorgio Agamben serão consideradas, propondo uma leitura complementar destes autores que indica para um limite da pesquisa biomédica. Tal limite será estabelecido a partir de uma perspectiva antropológica, que sustenta na diferenciação entre a tomada biológica do homem, enquanto mero vivente, e na consideração deste enquanto fenômeno específico que ocorre em uma cesura d a vida nua para uma vida politicamente relevante.

artigo completo em www.bioeticaefecrista.med.br/textos/www.bioeticaefecrista.med.br/textos/biopolitica_eugenia_etica_limites_interv_jonas_habermas_foucoult_agamben.pdf

fonte original: http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/3412/1/000387905-Texto%2bCompleto-0.pdf


Postado no Bioética e Fé Cristã em 4/04/2016