quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Cristo Rei, Súditos racistas


Palavras frequentemente repetidas nos ouvidos tendem a se tornar vazias nas consciências, principalmente quando são desvinculadas no chão da realidade. Termos teológicos e eventos cívicos compartilham este risco.

Cristo, Rei do Universo. O quê, exatamente, significa? Afinal, não vemos os frutos do seu reinado…

Consciência negra...agora ela tem cor?

Quando o calendário litúrgico marca um dia para celebrar o Senhorio de Jesus, o faz também por ser necessário pensarmos o que este domínio significa, como ele ocorre e suas consequências. Não foi por força, nem por violência, que Deus Pai deu a Jesus, Deus-homem eternamente, o status de ser Aquele frente ao qual todo joelho se dobrará e toda língua confessará seu poder. Foi porque Ele foi obediente até a morte, morte horrenda, sob tortura e para a diversão sádica de algumas testemunhas. Por isso Ele é o Senhor, aquele que está assentado no trono, o Cordeiro que foi morto, mas que vive para sempre. Se os frutos do Seu governo não são ainda visíveis aos olhos de todos é, também, porque não é chegada a hora do Seu Reino, porque nem todos os olhos veem, porque apenas alguns dos seus discípulos andam com Ele andou e se perguntam, “nos meus passos, o que faria Jesus?” Até Sua segunda vinda, seu Reino compreende, mas não se limita a, os corações, os cérebros, os corpos, os desejos de todos aqueles que já O confessam Senhor, para a glória de Deus Pai.

Quando o calendário cívico marca o dia da consciência negra, o faz por ser necessário pensar por qual motivo é necessária uma consciência com cor. É necessária uma cor para lembrar a ela que foi a quantidade de melanina, um pigmento da pele, a marca daqueles que foram tratados como menos humanos, como coisas, subjugados, sequestrados, coisificados, marcados com ferro em brasa, vendidos em mercados, jogados ao mar se necessário. E isto por uma sociedade que proclamava, no papel, ser subordinada ao Senhorio de Cristo. No papel, porque os corações permaneciam incircuncisos, duros, servos do diabo e dos seus anjos.

Sim, a escravidão negra acabou no nosso país há mais de um século. Mas a escravidão perdura em vários lugares do planeta, não restrita a quem tem a pele negra, mas a qualquer um que não tenha força para fugir ou lutar contra seus captores. Sua forma menos explícita aparece entre nós no boliviano preso em um quarto minúsculo nas grandes cidades costurando roupas para grandes empresas por um preço ridículo; ou em trabalhos que são exercidos em condições insalubres, desumanas, tendo uma parte da esmola chamada de salário retida pelo empresário como “ressarcimento”.

Sim, a escravidão negra acabou no nosso país há mais de um século, mas: negro(a)s e mulato(a)s recebem menos que os não-negros nas mesmas funções; a cultura negra é ignorada e tratada como arte do demo; o jeito de ser negro é desprezado; a moda negra não é para ser incorporada por todos os corpos (apenas exibida como propaganda); é o jovem negro que mais morre de bala perdida e bala bem certeira; é a pele negra que causa constrangimentos em ambientes sofisticados.

Cristo, Rei do Universo, mas também Senhor e Rei dos nossos corações, é que ordena que não haja preconceito, exploração, humilhação, rejeição, injustiça. É Aquele que, no grande e temível dia do Senhor, receberá de braços abertos aqueles que souberam vê-Lo na face e nos corpos do oprimido, do explorado, do pobre. Aquele que, na nova Jerusalém, juntará toda cultura como parte do Seu Reino.

Que Ele nos ajude e nos modifique, hoje e sempre.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Abordagem crítica filosófica, científica e pragmática ao abortamento pós-nascimento


 Hélio Angotti NetoI 
Graziella Fontes RibeiroII 
Jackson Ferreira dos SantosIII
Pâmela Nascimento Simoa da SilvaIV

O infanticídio foi denominado abortamento pós-nascimento em artigo publicado em 2012. Embora tenha despertado numerosas reações no meio acadêmico e na mídia, ainda resta a necessidade de tecer uma crítica dialética ampla e específica do mesmo, considerando seus aspectos científicos, filosóficos e pragmáticos, além de inseri-lo na realidade concreta. Por meio de tal crítica, pode-se concluir que o artigo apresenta importantes limitações científicas, filosóficas e pragmáticas, desconsiderando a complexidade da realidade e a abrangência do conceito de pessoa. As afirmações do artigo são pouco fundamentadas e suas conclusões se baseiam em pressupostos artificiais e frágeis.

IDoutor helioangotti@gmail.com
IIGraduanda graziellafontes@gmail.com
IIIGraduando jasf19@hotmail.com
IVGraduanda pamela_simoa@hotmail.com – Centro Universitário do Espírito Santo, Colatina/ES, Brasil



Postado no Bioética e Fé Cristã em 11/06/2017 09:43:00 AM

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] A verdade do estupro nos serviços de aborto legal no Brasil

Debora DinizI; Vanessa Canabarro DiosII; Miryam MastrellaIII; Alberto Pereira MadeiroIV

Este artigo analisa como se constrói a verdade do estupro para que a mulher que se apresenta como vítima tenha acesso ao aborto legal no Brasil. Foram entrevistados 82 profissionais de saúde de cinco serviços de referência para aborto legal, um de cada região do país, entre médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes sociais e psicólogos. As entrevistas buscaram compreender procedimentos e práticas a que a mulher é submetida para ter acesso ao aborto legal. Apesar de particularidades na organização e no funcionamento dos serviços, identificamos um regime compartilhado de suspeição à narrativa da mulher que se expressa por práticas periciais de inquérito em torno do acontecimento da violência e da subjetividade da vítima. A verdade do estupro para o aborto legal não se resume à narrativa íntima e com presunção de veracidade, mas é uma construção moral e discursiva produzida pela submissão da mulher aos regimes periciais dos serviços.

IDoutora d.diniz@anis.org.br - Universidade de Brasília, Brasília/DF, Brasil
IIDoutoranda vandios@uol.com.br - Universidade de Brasília, Brasília/DF, Brasil
IIIDoutoranda m.mastrella@anis.org.br - Universidade de Brasília, Brasília/DF, Brasil
IVDoutor madeiro@uol.com.br - Universidade Estadual do Piauí, Teresina/PI, Brasil

artigo original disponível em http://www.scielo.br/pdf/bioet/v22n2/11.pdf


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Postador no Bioética e Fé Cristã em 10/30/2017

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Pode a genética definir quem deve se beneficiar das cotas universitárias e demais ações afirmativas?


Sérgio D.J. Pena; Maria Cátira Bortolini


NESTE TRABALHO nós usamos o instrumental da genética molecular e da genética de populações para estimar quantitativamente a contribuição africana para a formação do povo brasileiro. Examinamos dois compartimentos genômicos: o DNA mitocondrial, de herança matrilínea, e o DNA nuclear, de herança biparental. Os estudos mitocondriais revelaram que aproximadamente 30% dos brasileiros autoclassificados como brancos e 80% dos negros apresentam linhagens maternas características da África subsaariana. A partir destes dados, estimamos que pelo menos 89 milhões de brasileiros são afrodescendentes, um número bem superior aos 76 milhões de pessoas que se declararam negros (pretos e pardos) no censo de 2000 do IBGE. As análises de polimorfismos nucleares com marcadores "informativos de ancestralidade" mostraram resultados mais expressivos ainda. Usando estudos de brasileiros autoclassificados como brancos de várias regiões do Brasil, estimamos que aproximadamente 146 milhões de brasileiros (86% da população) apresentam mais de 10% de contribuição africana em seu genoma. Estes números devem ser levados em conta nas discussões sobre ações afirmativas no Brasil, mas em um sentido descritivo e não prescritivo. 




Postado no Bioética e Fé Cristã em 10/23/2017

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] As cotas raciais e sociais em universidades públicas são injustas?

Lincoln Frias
 

1. Considerações iniciais

É injusto que um negro ou um pobre entre na universidade pública com uma nota menor do que os candidatos não-cotistas? Em Maio de 2012, 180 instituições públicas de ensino superior brasileiras (incluindo universidades, faculdades e institutos federais ou estaduais) ofereciam algum tipo de ação afirmativa a pobres, negros ou indígenas1. Sendo que das 59 universidades federais, 32 ofereciam cotas para estudantes vindos de escolas públicas, 21 ofereciam cotas para negros e pardos, 19 ofereciam cotas para indígenas e 7 ofereciam cotas para portadores de deficiência2
.
O debate brasileiro sobre cotas (ou "reserva de vagas") nas universidades públicas atingiu seu ápice em 2012. Em Abril, o Supremo Tribunal Federal julgou a ADPF 186, na qual o partido Democratas questionava as cotas raciais na UnB. A decisão do STF estabeleceu que as elas não são inconstitucionais. Em Agosto, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei de Cotas Sociais, 12.711, a qual determina que até agosto de 2016 todas as instituições de ensino federais deverão (1) reservar no mínimo 50% das vagas para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas, (2) que metade dessas vagas (ou 25% do total) devem ser reservadas para


restante do artigo em http://www.bioeticaefecrista.med.br/textos/As%20cotas%20raciais%20e%20sociais%20em%20universidades.pdf

artigo original em http://direitoestadosociedade.jur.puc-rio.br/media/7artigo41.pdf 

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Postado no Bioética e Fé Cristã em 10/16/2017

domingo, 8 de outubro de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Raça e bioética - chamado ao debate


Eduardo Ribeiro Mundim


O termo raça possui, no dicionário, diversos significados: linhagem (grupo de pessoas ou animais com determinadas características físicas hereditárias comuns); o conjunto dos indivíduos que compartilham a mesma origem étnica, linguística ou cultural; classe (grupo de pessoas de comportamento semelhante, com a mesma profissão, etc); ascendência, origem, estirpe, casta.

A classificação taxonômica dos seres humanos é a mesma para todos: Homo sapiens sapiens. Ao longo do tempo eles foram classificados, por quem detinha algum poder (de magistrados e reis, a um humilde chefe de família rural assediado pela fome e peste), conforme características que interessavam por alguma razão não operacional (única justificativa para a taxonomia), frequentemente não única. Razão "operacional" é aquela que auxilia no raciocínio para a solução de problemas. Por exemplo, se determinada "doença" genética é restrita a um grupo de pessoas, o gestor público possui uma ferramenta útil no seu processo decisório de distribuição de recursos humanos e financeiros. Porém à medida que os detalhes vão sendo acrescidos e o conhecimento gerado, percebe-se que não é possível classificar os 7 bilhões de seres humanos em grupos estanques, que não compartilhem mais aspectos comuns que diferenças. Ou seja, se é possível (ainda que discutível) falar em raças de animais não humanos, não é possível falar, biologicamente, de "raças humanas" - não há um divisor de águas suficiente para isto.
Historicamente é possível argumentar que o conceito de raça serviu, e serve, unicamente para legitimar que o outro não é um igual, mas um desigual e inferior enquanto ser humano. Assim, legitima-se a escravidão, a exploração, o genocídio, a opressão. A Alemanha nazista é o exemplo mais lembrado, mas os momentos mais escandalosos foram outros, como a colonização na África, Ásia, Oceania e Américas, palcos para demonstração de selvageria (do ponto de vista moderno) evidenciados pelo sequestro (travestido de compra de prisioneiros de guerra) de africanos levados para as Américas e a manutenção deles e seus descendentes como escravos (pessoas sem direito nenhum, à mercê do outro inclusive nas suas necessidades mais básicas - que podiam ser negadas sem justificativa, obrigadas a trabalhar à exaustão se necessário, tratadas como coisas passíveis de serem etiquetadas, vendidas e descartadas). A chegada de europeus aqueles continentes levava aos povos autóctones uma promessa de "salvação", de cultura, de "resgate do modo de vida selvagem", imposta a eles até onde os estrangeiros conseguiam.

O conceito de raças humanas é ideológico, uma construção artificial para benefício do mais forte (não necessariamente do mais apto a sobreviver, ideias diferentes). Mas as consequências desse mito são concretas.

No Brasil, há uma associação estatística entre cor da pele e recursos econômicos; entre quantidade de melanina e acesso à educação (que determina maior potencialidade para ascensão social); negros e pobres são maioria nas penitenciárias; negros e pobres sofrem em maior número de doenças ligadas à ausência de saneamento básico e educação mínima. Ao contrário dos imigrantes europeus e asiáticos, que vieram voluntariamente ao Brasil, frequentemente em grupos que serviram de abrigo e proteção para o seu desenvolvimento, os sequestrados africanos, "livres" da escravidão, ficaram sós, sem uma cultura sua e sem grupos de apoio com força suficiente para serem chamados como tais.

Este é um desafio ético brasileiro hoje: como lidar com as populações que foram exploradas de um modo absolutamente perverso no passado (africanos e indígenas) e que hoje seus descendentes ainda sofrem as consequências deste fato?

Qual a resposta cristã?


Postado no Bioética e Fé Cristã em 10/08/2017 11:27:00 AM

sábado, 7 de outubro de 2017

Pronunciamento do CPPC – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos

 
 O CPPC - Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos,  diante de polêmicas em torno da decisão judicial liminar expedida pelo juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho, nos autos da Ação Popular n. 1011189-79.2017.4.01.3400, sobre os efeitos da Resolução 09/1999, do CFP - Conselho Federal de Psicologia, declara:

1- Internamente, no âmbito do CPPC, praticamos a escuta plural e o debate respeitoso entre profissionais filiados a diferentes confissões cristãs, linhas teóricas e tendências políticas. Mesmo a psicólogos fora do nosso quadro de associados e até avessos aos nossos modos, muitas vezes considerados moderados, sempre aconselhamos sensatez e respeito às instâncias reguladoras da profissão.

2- Nos atemos, para isso, ao importante artigo 2º, letra b, do Código de Ética que “veda o psicólogo de induzir seu paciente a convicções religiosas, assim como proíbe à indução de convicções políticas, filosóficas, morais e ideológicas e de orientação sexual”.

3- O psicólogo trabalha a partir da demanda e da queixa do seu paciente, e sempre dentro do marco epistêmico da psicologia, como um agente facilitador na superação do sofrimento e do mal-estar psíquico bem como na promoção do seu bem-estar, respeitando e preservando sempre a subjetividade e os valores do paciente. Entendemos que da mesma forma que um psicólogo não pode fundamentar seu trabalho a partir de suas crenças religiosas nem discriminar negativamente um/a paciente com qualquer queixa de gênero, depreciar sua orientação sexual ou comportamento, nem induzi-lo/a a procurar tratamentos não solicitados, o profissional da psicologia não pode tratar crenças e valores de fé do paciente como expressões patológicas, de subdesenvolvimento psíquico, ou induzi-lo a se comportar de maneira contrária à sua fé e/ou religião. As duas abordagens são igualmente antiéticas.

 4- Em 07/05/2013 o Conselho Federal de Psicologia emitiu uma Nota de Esclarecimento (notificação 09/1999) com o título “Resolução do CFP não impede atendimento a pessoas que queiram reduzir seu sofrimento psíquico causado por sua orientação sexual”. Concordamos, e agimos sempre conforme esta notificação, na qual fica esclarecido “que a norma não proíbe as (os) psicólogas (os) de atenderem pessoas que queiram reduzir algum sofrimento psíquico causado por sua orientação sexual, seja ela homo ou heterossexual, e nem tampouco, pretende proibir as pessoas de buscarem o atendimento psicológico”. Também afirma que “de forma alguma, essa orientação fere o direito de liberdade de expressão dos psicólogos, pelo contrário, ela defende o respeito aos direitos humanos e às diferentes formas de manifestação da sexualidade humana” - http://site.cfp.org.br/nota-de-esclarecimento/.

5- Esta Nota de Esclarecimento do CFP tem o poder de eliminar ambiguidades interpretativas e propomos que seu teor seja incorporado à referida Resolução como um parágrafo do Artigo 3.  

6- Dentro dos limites da ética profissional, trabalhando exclusivamente com metodologias consagradas e referendadas pelos órgãos reguladores da profissão, desconhecemos procedimentos de reorientação ou reversão de orientação sexual, garantidos os plenos direitos a escuta. É claro que em nome da demanda ou da queixa do paciente o psicólogo não pode oferecer serviços que não tenham respaldo científico ou atentem contra a dignidade humana.

7- Concluímos reafirmando nossa disposição em contribuir para o necessário diálogo, tão complexo, entre conservadores, religiosos ou não, e uma sociedade viva, culturalmente pluralística, que pode abrigar pacificamente toda sua gente consoante o respeito aos direitos consagrados em nossa Constituição e na Declaração dos Direitos Humanos da ONU.  Continuaremos buscando manter um diálogo criativo com diversas concepções de mundo, entre o campo psi e a espiritualidade cristã e outras espiritualidades, e a acolher todo “outro” que nos procura, sempre tão diferente, mas igualmente ferido e humano.

Curitiba,   06 /10/2017
Guilherme Falcão, Presidente do CPPC            www.cppc.org.br      

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Bioética e direito no sistema de saúde brasileiro: a prática do consentimento informado nos cenários da oncologia de um hospital do SUS e um particular


Trata-se de pesquisa quali-quantitativa que envolve observação participante, análise de documentos e realização de entrevistas com usuários de um hospital do SUS e um particular. O foco da investigação é o consentimento informado na assistência à saúde, entendido como o processo decisório compartilhado no qual há troca de informações, impressões e valores entre os usuários do serviço e os profissionais de saúde. Objetivou-se verificar sua prática no sistema de saúde brasileiro, com recorte para a área da oncologia. Para a análise estatística, as variáveis categóricas foram avaliadas por meio do teste exato de Fisher e, as variáveis numéricas, comparadas utilizando o teste t, com nível de significância de 5 por cento . Quanto aos termos de consentimento, os testes de Flesch e Flesch-Kincaid apontaram legibilidade inadequada segundo padrões internacionais, bem como diante dos níveis educacionais de fato encontrados nos hospitais. Mais de 70 por cento dos entrevistados do SUS não tinham escolaridade compatível com a exigida para a leitura dos documentos. Apesar de a quase totalidade dos usuários dos hospitais ter relatado satisfação com as informações recebidas sobre o procedimento que iria realizar, apenas 58 por cento souberam elencar ao menos um risco relacionado ao mesmo. Conforme o esperado, houve associação entre nível educacional e renda dos usuários com a compreensão de riscos dos procedimentos. Mesmo que não se tenha notícia da variável renda ter sido considerada em estudos anteriores, por meio de regressão logística múltipla, observou-se que teve peso muito maior do que a escolaridade em predizer a chance de a pessoa citar um dos riscos do procedimento, embora ambos os fatores sejam preditores independentes. Não houve relação entre a compreensão de riscos e se o hospital era SUS ou particular, e nem em relação ao tempo de tratamento. Diferentemente de pesquisas em outros países, tampouco houve associação entre nível educacional e leitura do termo de consentimento. Entretanto, quando foi o médico, dentre os profissionais de saúde, quem entregou o termo, este foi mais lido pelos usuários. Houve associação entre o usuário estar no hospital particular e acreditar que o termo de consentimento serve para proteger os médicos, em contraposição a servir à sua própria garantia. Pela análise qualitativa, os usuários do SUS tiveram maior habilidade que o esperado na compreensão do diagnóstico e histórico da doença. Acredita-se que o bom acolhimento conseguiu superar em parte o nível educacional e de renda que foram detectados como barreiras ao entendimento das informações, de forma que a humanização da saúde parece impactar positivamente na compreensão das informações pelos usuários. Contudo, em ambos os hospitais, apesar de conseguirem relatar bem os procedimentos pretéritos e futuros, muitos usuários pareciam não saber se contextualizar em seus tratamentos e nem entender os motivos e objetivos dos procedimentos realizados. Em geral, tanto usuários como profissionais mostraram não entender o que é o consentimento informado e a diferença deste para os termos de consentimento, comumente tratados como mera burocracia jurídica. Tudo isso pode estar prejudicando os objetivos do consentimento informado e são questões que necessitam ser repensadas no sistema de saúde.



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Postado no Bioética e Fé Cristã em 8/28/2017

Livre de vírus. www.avast.com.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] A síndrome de Down e o valor humano

Bráulia Ribeiro

Não nascem mais bebês com síndrome de Down na Islândia. A síndrome está erradicada do país. O anúncio é dado ao mundo pelos islandeses com orgulho. Mas falar em erradicação de uma síndrome cromossômica não é o mesmo que falar em erradicação da zika. Problemas genéticos sempre existirão entre nós. Só acabaremos com eles se fizermos peneiramento genético nos fetos. Ou seja, temos de matar antes do nascimento os que não se adequarem aos padrões genéticos normais. Erradicação aí é sinônimo de aniquilação sistemática. O que a Islândia está dizendo ao mundo é: "Aqui exterminamos sistematicamente todos os fetos que apresentem os sinais da síndrome de Down". Colocado nestes termos, o fato já não é motivo para celebração, nem é uma realização científica. É uma daquelas notícias que causam um frio na espinha e nos lembram que a mentalidade que levou a Alemanha a exterminar judeus, ciganos, homossexuais e aleijados nas câmaras de gás ainda está bem viva no mundo hoje.

Para se chegar a um processo de aniquilação sistemática de seres humanos considerados "não normais" tem de se criar um consenso sobre o que é normal, o que é a vida humana digna. Normal e viável são duas coisas diferentes. Uma mãe de um feto de 12 semanas pode receber a notícia de que seu bebê não tem cérebro ou que tem uma má-formação no coração ou pulmão que vai impedi-lo de viver se chegar a nascer. Esse bebê não é viável, está condenado à morte por seus próprios problemas. O conceito de normal, no entanto, é algo muito mais complexo; depende de determinações culturais, de valores morais.

A ciência não pode ser a principal definidora de normalidade, porque somos sujeitos a problemas e variedades genéticas. Definir o "normal" é escolher um acima de todos os outros. O regime nacional-socialista de Hitler definiu o que era o ser humano "normal" por critérios que na época julgava ser científicos. O normal era o ariano, alto, de olhos azuis, de intelecto e forma física "superiores".

De acordo com o que se sabe hoje, a síndrome de Down não é uma doença. É uma mutação genética que produz um novo tipo de ser humano. É um tipo mais fraco física e intelectualmente. Mas quem conviveu com alguma pessoa com Down sabe que elas são infinitamente mais doces, meigas, alegres e responsivas ao amor e ao carinho do que nós, os "normais".

Uma repórter da BBC, mãe de uma criança com Down, produziu um documentário1 em que investiga as causas dos abortos de fetos com Down, na Inglaterra, praticados em números quase tão absolutos quanto na Islândia. O diagnóstico em si já é 99% preciso e não causa danos ao feto, e o plano do governo da Inglaterra é administrá-lo obrigatoriamente a todas as mulheres grávidas. Até agora 90% das mães inglesas que recebem o diagnóstico escolhem abortar. O que leva todas essas mães a se recusarem a serem mães de bebês Down? A investigação levou a documentarista a checar como o diagnóstico positivo chega às mães. Tanto num país quanto no outro a "informação" é quase coerciva. As mães recebem uma lista enorme das possíveis doenças que o bebê Down vai contrair, das suas dificuldades no aprendizado, do seu custo para a família. O quadro de terror não é amenizado por testemunhos positivos, nem pela informação factual de que hoje uma grande parte das pessoas com Down vivem vidas produtivas e felizes.

Essa discussão é maior do que a ciência e atinge a nossa noção de humanidade. Quem é o ser humano? Já me envolvi nesse debate antes, quando trabalhei pelo término do infanticídio indígena. Como definir o que é "pessoa"? O escrutínio, em muitas tribos, é tão severo quanto na Islândia. As sociedades indígenas não têm acesso à revelação cristã da imago Dei, de que todos os seres humanos têm igual valor, criados por Deus para a sua glória.

A noção de pessoa lhes é definida pelo custo social, não pelo valor humano. Parece-me que nos reinos prósperos da medicina socializada do norte da Europa, tendo o secularismo derrotado a Igreja em sua missão de definir moralmente quem é o ser humano, hoje quem define é o Estado. E, claro, ele o faz contando os custos. Na ausência dos valores cristãos, guiados pela mão da ciência, não existe outro caminho a não ser um retorno inevitável à barbárie.

Texto publicado originalmente na edição 365 da revista Ultimato.


Postado no Bioética e Fé Cristã em 7/17/2017

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Is Fertility Preservation Right for Children With Differences of Sex Development?

CHICAGO -- June 6, 2017 -- Children with differences of sex development (DSD) may face infertility from abnormal development of testes or ovaries, and in some patients these organs are surgically removed to prevent an increased risk of germ cell cancer. With advancing techniques, however, children with DSD may be able to preserve their fertility for the future. This potential also presents important ethical issues, which are examined in an article published in the Journal of the Endocrine Society.

"Our earlier research suggests that in children with DSD, we might be more successful in preserving fertility at younger ages," said senior author Courtney Finlayson, MD, Stanley Manne Children's Research Institute, Ann & Robert H. Lurie Children's Hospital of Chicago, Chicago, Illinois.

"This poses a dilemma in terms of the ideal timing for surgical removal of testes or ovaries for patients who need it," she said. "If we wait until the age of majority, when the patient can give consent, we might miss the opportunity for fertility preservation. And yet we might want to delay the surgery since we must also take into account a person's sense of self as a man or a woman and autonomous decision making. It is a delicate balance."

Fertility preservation techniques involve preserving at very low temperatures the mature or immature tissue from the testes or ovaries. The procedure is still experimental for pre-pubertal patients, since it relies on the development of technologies to mature germ cells in the lab. Given the uncertainty of success, there is concern that these techniques can lead to false hope for patients and parents.
Cost and insurance coverage are additional concerns. Fertility preservation is expensive, ranging from thousands to tens of thousands of dollars. It is rarely covered by insurance and is mostly considered an elective procedure.

"We can make an argument that fertility preservation in children with DSD should be covered by insurance since DSD treatment can cause infertility, which can result in serious psychological distress," said Dr. Finlayson. "Lack of insurance coverage significantly limits access to preserving future fertility in these children."

Because many DSD are genetic conditions that can be inherited, there is also concern about transmission to offspring. Some ethicists argue that it is irresponsible to knowingly have children with a medical condition or disability. On the other hand, advocates assert that people with disabilities can lead happy, productive lives. Furthermore, many with DSD object to their condition being referred to as a disorder or disease. In either case, adults concerned about having children with the same condition could benefit from pre-implantation genetic screening of embryos.

Another ethical consideration revolves around gender dysphoria, or the distress that some individuals with DSD experience when their early sex assignment does not match their eventual gender identity. For example, youth initially assigned male but identifying as female might feel emotional distress at providing sperm for fertility preservation. Also, high-dose oestrogen or testosterone required for fertility preservation can cause irreversible physical changes that are inconsistent with gender identity.

"There are no easy answers to any of these ethical concerns," said Dr. Finlayson. "Fertility-related care for children with DSD is in its infancy. We must carefully consider the unique ethical issues that fertility preservation presents in this population."

SOURCE: Ann & Robert H. Lurie Children's Hospital of Chicago

fonte original: http://dgnews.docguide.com/fertility-preservation-right-children-differences-sex-development?overlay=2&nl_ref=newsletter&pk_campaign=newsletter 


Postado no Bioética e Fé Cristã em 6/19/2017



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segunda-feira, 22 de maio de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] La complicada bioética en el síndrome de down

 Manuel Ramos Kuri

Hagamos un primer análisis del difícil tema bioético en el diagnóstico prenatal del síndrome de Down (SD). En países con alto nivel económico, la gran mayoría de los fetos diagnosticados con SD son abortados. Este aborto se realiza en estadíos avanzados del embarazo, pues el diagnóstico de SD se realiza durante el segundo trimestre del embarazo, después de la semana 12, cuando se observa la translucencia nucal por ultrasonido[1]. Inclusive en algunos países ya se permite el infanticidio en los recién nacidos con SD no diagnosticados en período prenatal .

Opiniones a favor del aborto selectivo de los pacientes con el síndrome de Down. La Dra. Asch, especialista en bioética de la discriminación hacia los discapacitados, comenta: "Algunas voces de genetistas, colaboradores del Proyecto Genoma Humano, bioeticistas y de varios campos científicos, argumentan que en un mundo de recursos limitados, podemos disminuir los gastos relacionados con la discapacidad si todos los fetos diagnosticados con discapacidad fetal se les practica aborto" (Asch A. 2002, Shaw, 1984).

El mismo James Watson, de sobra conocido por su trabajo en el descubrimiento de la estructura del ADN, ha llegado a afirmar que "… la perspectiva que ve la cara positiva de la discapacidad es como la exaltación de las virtudes de la pobreza extrema. Hay muchos individuos que indudablemente logran elevarse de una situación social denigrante. Pero quizás nosotros debemos ser más realistas, y debemos ver la discapacidad como el principal origen del comportamiento antisocial" (Watson, 1996, p.19).

Problemas bioéticos relacionados con el Down. El primer problema que enfrentan los pacientes con SD, son los pobres avances en el tratamiento de la enfermedad, que aún no cuenta con ninguna terapia específica. Existen terapias para algunas alteraciones del SD: cirugía para las malformaciones cardiacas y quimioterapia para las leucemias, pero no son específicas para el síndrome. Y por si fuera poco, la tecnología se utiliza no para curar sino para eliminar a los pacientes, como comenta el Dr. Smitha Nizar: "Paradójicamente vivimos en un mundo donde la tecnología médica avanzadas se utiliza no para maximizar la vida de las personas con discapacidad, sino para prevenir su nacimiento, por medio de la terminación de la vida de los fetos diagnosticados con discapacidad" (Nizar S, 2011). Este fenómeno (la eliminación de los discapacitados y no su tratamiento) lo observamos tanto en el SD como con la mayoría de las enfermedades genéticas, y paradójicamente es justo los países con mayores recursos económicos y tecnológicos, donde suelen aplicarse de manera masiva esta política.
La Doctora Adrienne Asch, quien ella misma sufre de discapacidad visual (amaurosis), hace notar que la mayoría de los supuestos límites y problemas asociados con discapacidad son impuestos por la sociedad y no por la biología (o limitaciones) de la propia enfermedad. "Existen aún grandes brechas en educación, empleo, salarios y participación social entre las personas con discapacidad y las que no la tienen" (Asch A, 2002).

También el Dr. Nizar hace notar la discriminación que sufren los discapacitados durante la etapa pre-natal: "La perspectiva desde los derechos humanos de los discapacitados, muestra que estas leyes, políticas y programas niegan a las personas con discapacidad el derecho a la vida y por lo tanto hay una discriminación contra ellos, violando inclusive la "Convención de las Naciones Unidas sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad" (Nizar S 2011). Varias características de la discriminación a los pacientes con enfermedad genética, hace que varios investigadores, e inclusive la mismas comunidades de discapacitados, la cataloguen dentro de la categoría de genocidio genético (Miller PS et al. 2013).[2]

Juicios exagerados sobre los pacientes con el SD. Es importante mencionar que los juicios sobre la incapacidad de los pacientes con SD suele exagerarse, cada vez es más claro que los pacientes con SD tienen mayor capacidad intelectual de lo que se pensaba: algunos hablan dos idiomas, pueden tocar instrumentos musicales, o han estudiado una carrera universitaria y la mayoría pueden lograr realizar trabajos técnicos de tipo manual y repetitivo, como panadería o repostería. La mayoría de niños con Down, son personas felices, que hacen felices a los que les rodean, por lo que se requiere mayor apoyo por parte de la sociedad para enfermos con SD.

leia o restante em http://bioeticaefecrista.blogspot.com.br/2017/05/la-complicada-bioetica-en-el-sindrome.html


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Postado no Bioética e Fé Cristã em 5/22/2017

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Filósofo propõe reduzir a estatura das pessoas para lutar contra a mudança climática


"Podemos oferecer a opção de ter um filho alto ou dois filhos de tamanho médio"

O filósofo Matthew Liao, de 45 anos, costuma iniciar suas palestras com uma frase chocante: "Sou absolutamente contra qualquer forma de coação, como as que os nazistas perpetraram no passado". E Liao precisa esclarecer isso porque muitas das ideias que coloca sobre a mesa são absolutamente originais e polêmicas. Nascido em Taiwan e emigrado quando criança para os Estados Unidos, ele propõe a "engenharia humana": a modificação biomédica das pessoas para lutar contra a mudança climática. Sugere, por exemplo, reduzir a estatura dos futuros cidadãos. Para isso, bastaria recorrer a um diagnóstico genético pré-implantacional, já empregado nas clínicas de fertilidade para detectar embriões com doenças genéticas. Os pais fariam isso voluntariamente. Reduzir em 15 centímetros a estatura média dos norte-americanos significaria uma redução de mais de 15% na energia necessária para viver, relata Liao em The Next Step: Exponential Life (O Próximo Passo: Vida Exponencial"), um novo livro da iniciativa OpenMind, do BBVA, que analisa as implicações da atual revolução tecnológica. Liao não é um charlatão. Trata-se do diretor do Centro da Bioética da Universidade de Nova York, a instituição com o departamento de Filosofia mais bem avaliado do mundo. Seu trabalho, sustenta, é "pensar com originalidade". O tempo dirá se é um visionário ou só um autor involuntário de ficção científica.

Pergunta. No Festival de Ideias Perigosas, realizado m 2012 na cidade australiana de Sydney, você propôs tornar os humanos menores. Acha que é realmente uma ideia perigosa?
Resposta. Não acredito que seja uma ideia perigosa, acho que poderíamos levá-la a cabo de maneira segura. Já há maneiras de termos crianças menores. Por exemplo, através do diagnóstico genético pré-implantacional. Agora se ouvem vozes que dizem que talvez necessitemos de algo similar à política chinesa do filho único. É muito restritivo a alguns pais que só podem ter um filho. Nesse contexto, se queremos reduzir as emissões de gases do efeito estufa, podemos dar às pessoas a opção de ter um filho grande ou dois de tamanho médio, ou três menores.

P. Você não propõe isso como brincadeira.
R. Não, não é uma piada. Sou filósofo, então tudo é condicional. Se você vai exigir às pessoas que só tenham um filho, então é melhor permitir que tenham mais crianças, mas de tamanhos diferentes.

"Precisamos assegurar que haja um limite mínimo de altura"

P. É ético que os pais tomem decisões irreversíveis sobre seus filhos?
R. Em filosofia, o chamado problema da não-identidade propõe que, se você tiver dois embriões e pegar o menor, esse pequeno na verdade não poderá se queixar da decisão dos seus pais, porque se tivessem apanhado o outro ele não existiria. Nesse sentido, o pequeno se beneficia da decisão de seus pais. A decisão não prejudica a criança. E, por outro lado, é preciso pensar nas consequências ambientais. Na China, a poluição é tão horrível que às vezes você não consegue enxergar as pessoas que estão na sua frente. Se você for uma criança que cresce nessas sociedades, vai ter problemas de saúde. E a criança se beneficiará também ao criar um ambiente mais limpo.

P. Você propõe incentivos fiscais ou seguro médico gratuito para as famílias que escolherem ter filhos de menor estatura. Isso só interessaria às pessoas mais pobres. Teríamos ricos altos e pobres mais baixos.
R. Isso é um problema. Precisamos garantir que haja um limite mínimo de altura. Não seria permitido que as pessoas pobres escolhessem ter filhos abaixo desse limite, porque para eles seria uma situação ainda mais desvantajosa. Deveríamos assegurar que houvesse um certo grau de igualdade. Em filosofia, há uma teoria que diz que devemos nos assegurar de que todos tenham o suficiente, sejam ricos ou pobres. E as pessoas pobres estariam numa grande desvantagem se permitirmos que sejam muito mais baixas. Não devemos permitir isso.

P. Você tem dois filhos, um bom salário e não necessita de incentivos econômicos. Se vier a ter outro filho dentro de 20 anos, escolheria que fosse mais baixo só por causa de uma postura ética contra a mudança climática?
R. Depende da seriedade com que você queira encarar o problema da mudança climática. E outra questão é que será preciso pensar em quanta gente mais fará isso. Se for só seu filho e o de mais ninguém, não terá muito efeito. Mas, além disso, há um par de razões pelas quais ser baixo na verdade é bom. Quantas pessoas de mais de 100 anos são muito altas? Pouquíssimas. As pessoas altas tendem a morrer muito antes, porque têm doenças cardiovasculares, têm problemas nos ossos. Em média, as pessoas um pouco mais baixas vivem mais.

"Quantas pessoas de mais de 100 anos são muito altas? Pouquíssimas"

P. Qual é a outra razão?
R. Outro aspecto é que, por exemplo, a NASA está pensando em colonizar Marte. Pensemos na quantidade de recursos necessários para transportar uma pessoa mais alta em vez de uma menor a Marte. Na quarta-feira voei de Nova York a Madri, e os aviões estão cada vez menores. É muito melhor ser menor. Nossa sociedade tem o que eu chamo de viés do status quo. Pensamos que a altura que temos agora é a ideal, mas, se você recua um século, as pessoas eram em média 15 centímetros mais baixas, mas isso não afetava suas habilidades cognitivas. A ideia não é que necessariamente tenhamos que tornar as pessoas mais baixas, mas com a engenharia humana há todo um grupo de soluções nas quais não pensamos. Algumas pessoas não acreditam na mudança climática. Se não acreditam, até a reciclagem lhes parecerá uma reação exagerada a um problema que não existe. Só no contexto de levar muito a sério a mudança climática, e pensar que devemos fazer algo, estas ideias farão sentido. Não estou sugerindo que precisamos tornar as pessoas mais baixas, mas sim que há um espaço teórico que devemos explorar.

P. Pode-se pensar que sua proposta é discriminatória com as pessoas altas. Por que não evitar a obesidade, pelo seu mesmo raciocínio?
R. Há muita controvérsia no tema do peso. Sou dos EUA, e lá as pessoas tendem a comer mais. Acredito que ao longo do tempo isso é realmente ruim para a saúde. Já não falamos de tamanho, mas sim de quanto deveria pesar com sua altura para estar saudável. Não me quero meter no tema do peso. A altura vem determinada em boa medida pela genética, ao passo que o peso depende do que se come. Centrar-se na altura não tem por que discriminar as pessoas altas. É só uma opção, outra maneira de combater a mudança climática. Não é uma obrigação. Pensemos nos restaurantes vegetarianos. São discriminatórios para as pessoas que comem carne? Não, porque há inúmeras opções de restaurantes que servem carne. Trata-se de dar às pessoas uma opção a mais: poder ter filhos de menor estatura, sabendo que isso terá um efeito no clima.

ler restante em http://bioeticaefecrista.blogspot.com.br/2017/05/filosofo-propoe-reduzir-estatura-das.html



Postado no Bioética e Fé Cristã em 5/08/2017

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Fwd: [Bioética e Fé Cristã] Suicídio assistido - uma visão

My speech to the New Zealand Parliament Health Select Committee on Assisted Suicide 
I have just given oral evidence on behalf of Care Not Killing to the New Zealand Parliament's Health Select Committee on assisted suicide.

The committee has received a petition requesting, 'That the House of Representatives investigate fully public attitudes towards the introduction of legislation which would permit medically-assisted dying in the event of a terminal illness or an irreversible condition which makes life unbearable.'

The petition asks for a change to existing law. Therefore the committee is undertaking an investigation into ending one's life in New Zealand focusing on four main questions:
1. The factors that contribute to the desire to end one's life.
2. The effectiveness of services and support available to those who desire to end their own lives.
3. The attitudes of New Zealanders towards the ending of one's life and the current legal situation.
4. International experiences. The committee will seek to hear from all interested groups and individuals.

Here is what I said:

Thank you for this opportunity to give evidence to the select committee.

I represent Care Not Killing which is a UK alliance of about 40 organisations spanning healthcare, law, disability rights, education and faith groups which in turn represent several hundred thousand people. We were established in 2005 and seek to promote better palliative care and ensure that existing laws against euthanasia and assisted suicide are not weakened or repealed.

I'm a New Zealand citizen but have lived in the UK for 28 years.

I trained in medicine in Auckland and specialised in general surgery and my day job here is as the chief executive of one of CNK's 40 member groups, the Christian Medical Fellowship, which itself has over 5,000 medically qualified members.
I've been campaigning against the legalisation of assisted suicide and euthanasia for 12 years during which time we've had 10 attempts to change the law through British Parliaments all of which have failed.

I've also got skin in the game. My grandfather died from an aggressive cancer with spinal secondaries with pain that was very difficult to control and my father died from a very rapidly progressive dementia, both in Auckland. I've just been back to NZ with my wife over Christmas to place her elderly parents, both retired doctors aged 91 and 89, with dementia and Parkinson's respectively, into an excellent private hospital in Auckland.

So my interest is professional and political but also personal.

The most recent attempt to change the law in Britain was in September 2015, when the Marris Bill, which attempted to legalise assisted suicide for the terminally ill, was defeated in the House of Commons by a 3 to 1 margin - 330 votes to 118.
MPs dealt the bill a resounding defeat largely driven by concerns about the risks it posed to vulnerable people who would have felt under pressure to end their lives.

A majority of both Conservative and Labour MPs voted against the bill. This is hugely significant as it signals that assisted suicide is not a simple left/right political issue here. In fact suicide prevention and protection of vulnerable people from exploitation and abuse resonate strongly with left of centre politicians because of their concern for disabled people's groups and for those less able to access good healthcare.

Our case against the legalisation of assisted suicide and euthanasia is that it is dangerous, uncontrollable and unnecessary.
It's dangerous because any law allowing it will inevitably place pressure on vulnerable people to end their lives in fear of being a burden upon relatives, carers or a state that is short of resources.

Especially vulnerable are those who are elderly, disabled, sick or mentally ill. The right to die can so easily become the duty to die.

It's uncontrollable because any law allowing it will be subject to incremental extension. We've seen in jurisdictions like Belgium and the Netherlands that over time you see a shift from terminal conditions to chronic conditions, from physical illnesses to mental illnesses and from adults to children.

The essential problem is that the two major arguments for euthanasia - that is, autonomy and compassion - can be applied to a very wide range of people. This means that any law which attempts to limit it, for arguments sake to mentally competent people who are terminally ill, will in time be open to challenge under equality legislation.

It is unnecessary because requests for euthanasia or assisted suicide are extremely rare when people's physical, social, psychological and spiritual needs are adequately met. In other words, you should kill the pain not the patient. Britain was recently ranked number one in palliative care in the Economist magazine. But we still have some way to go in making this high-quality palliative care fully accessible to all.

So, in summary the best law is one like New Zealand and Britain's current law,  that gives blanket prohibition on all assisted suicide and euthanasia. This will deter exploitation and abuse through the penalties that it holds in reserve, but at the same time give some discretion to prosecutors and judges to temper justice with mercy in hard cases. The current law has both a stern face and a kind heart and does not need changing. We have an aphorism in surgery, if it ain't broke, don't fix it.

Leaving the law as it is will mean that some people who desperately wish help to end their lives will not have access to such a service. But part of living in a free democratic society is that we recognise that personal autonomy is not absolute. That's precisely why we have laws. We must not allow so-called freedoms which will at the same time undermine or endanger the reasonable freedoms of others. And one of the primary roles of government is to protect the most vulnerable even sometimes at the expense of not giving liberties to the desperate.

I wanted, finally, to make some brief comments about the four questions raised by the consultation.

First, on factors that contribute to the desire to end one's life, we know that 90% of those who commit suicide suffer from some form of mental illness including depression, bipolar disorder,

borderline personality disorder and alcohol and drug misuse. We know that in Oregon, in 2013 despite 26% of assisted suicide cases meeting the clinical criteria for depression, less than 3% of them had a psychiatric assessment.

But even more striking was the fact that most people making use of Oregon's death with dignity act in 2016 - the figures came out just three weeks ago - cited existential or spiritual symptoms as their reason. 89.5% cited loss of autonomy, an identical percentage cited being less able to engage in activities making life enjoyable and 65% loss of dignity. Pain, or even concern about it, did not feature in the top five.

More worryingly 48.9% cited being a burden on family, friends or caregivers. The equivalent figure in neighbouring Washington state the year before was 52%. I would submit that it is an abuse of medicine to treat fear of the future or loss of meaning and hope with lethal injections or draughts of barbiturates. The best response to existential suffering is to do all we can to restore hope and allay fear by caring for the needs of the whole person.

Second, in terms of the effectiveness of services and support available to those who might wish to end their own lives, people contemplating death from a progressive terminal illness will understandably experience fear and anxiety and may in rare cases consider suicide.

These fears can be heightened by high-profile media cases, especially those involving celebrities – we call it suicide contagion or the Werther effect. But we know that only a very tiny minority have persistent ongoing death requests once they have experienced what proper support and good palliative care can offer. Rob George, former president of the Association for palliative medicine in Britain said that after a lifetime of managing over 20,000 dying patients, he could count on the fingers of one hand those who still wanted assisted suicide or euthanasia after receiving good palliative care.
This is why every Royal Medical College in Britain along with the British Medical Association is opposed to any change in the law. And those who are closest to the dying patient, namely geriatricians and those in palliative medicine, are most opposed for two main reasons. They know how to treat the symptoms of dying people effectively, and they understand the vulnerability of dying patients better than anyone else.

Third, with respect to the attitude of New Zealanders to change the law, in most Western countries approximately three out of four will be in favour of legalisation in opinion polls depending on how the question is framed. However, these opinions tend to be reflex rather than considered and largely uninformed about the complexities involved. Our experience in Britain has been that when legislators have been able to consider the arguments carefully they have invariably opted not to legalise.
Strikingly, when ordinary people are given the arguments against they too will change their minds. In 2014, 73% of the general public was supportive of Lord Falconer's assisted dying bill. However, this reduced to 43% once they heard the five major arguments against it. These were:
  1. people may feel pressurised to end their life so as not to burden loved ones
  2. there's been a steady rise in assisted suicide in places where it has been legalised
  3. end-of-life care may worsen, given its cost, as against of lethal drugs
  4. major disability rights groups oppose a change in the law
  5. the majority of doctors oppose it including the BMA and Royal College of GPs
Finally, with respect to international experiences of legalisation the frightening consequences in Belgium and the Netherlands are well-publicised and well known and played a major role in convincing British legislators. Every year, with each new report from Belgium or Holland, our job gets easier. The recent story of a female Dutch doctor drugging the coffee of a patient with dementia and then asking her family to hold her down as she fought while being given a lethal injection, is a poignant case in point.

But I want to draw your attention to what's happening in a jurisdiction with far more modest legislation. And to this end we will send you a copy of our brochure "don't make Oregon's mistake" as supplementary evidence.

·        In Oregon there's been a steady increase in annual numbers of people undergoing assisted suicide -more than 500% over 19 years.
·        The Oregon health department is funding assisted suicide but not treatment for some cancer patients
·        Patients are living for in some cases many years after having been prescribed lethal drugs showing that the eligibility criteria for terminal illness are being stretched
·        the vast majority of those choosing to kill themselves are doing so for existential reasons large rather than on the basis of real medical symptoms
·        many give "fear of being a burden on others" as the reason for ending their lives
·        fewer than one in 20 patients are being referred for formal psychiatric or psychological evaluation
·        a substantial number of patients dying under the Oregon act do not have terminal illnesses
·        some doctors know the patient for less than a week before prescribing the lethal drugs.

We would urge the New Zealand Parliament if it comes to consider legislation on this issue, not to proceed with it but rather to focus on suicide prevention and on providing better care and support.

Thank you very much for your time.

Postado no Bioética e Fé Cristã em 4/17/2017